Fumantes recuperam fôlego e esperança
Publicado: 11/04/2024 - 16:14
Última modificação: 11/04/2024 - 16:16
Por ano, 1.3 milhões de pessoas não fumantes morrem em decorrência do fumo passivo de acordo com o Relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2023, sobre a epidemia global do tabagismo. A pesquisa também evidencia que no Brasil, no contexto universitário, há baixa adesão às políticas públicas de um ambiente livre do cigarro.
Dentro dessa realidade, a UFU possui o “Livre de Fumar: Grupo de Cessação do Tabagismo”, um projeto de extensão criado pelo curso de Enfermagem da Faculdade de Medicina (Famed), voltado para pessoas que desejam parar de fumar. O grupo promove uma política pública de saúde gratuita, por meio de conhecimentos e técnicas pré-estabelecidas pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) e do Ministério da Saúde.
Do acolhimento à medicação, o tratamento é disponibilizado no Hospital de Clínicas da UFU (HC-UFU) e é aberto ao público. São realizadas quatro sessões coletivas ministradas por alunos da Enfermagem, com o apoio de profissionais da saúde. Os encontros acontecem às quartas-feiras, das 7h30 às 9h30 e são discutidos nas sessões técnicas de controle da ansiedade e práticas de distração do vício. Para os pacientes que concluírem as etapas do grupo, são disponibilizados medicamentos no ambulatório do HC-UFU.
Marcelle Aparecida Barros Junqueira, professora do curso de Enfermagem e idealizadora do projeto, conta que o grupo nasceu justamente da falta de uma política pública voltada para um ambiente livre do cigarro na UFU. “O tabagismo é uma doença em si e é um fator de risco para o desenvolvimento de outras. Por isso, o tratamento deve ser acessível a todas as pessoas ", acrescenta a professora.
Mais de 30 cigarros por dia
Geiza Santos, 61, participou do segundo grupo de pacientes de 2023 e está há mais de dois meses sem fumar. O seu vício começou aos 16 anos e ela já chegou a fumar cerca de dois maços por dia, o que representa em média 40 cigarros.
A idosa conheceu o projeto através de sua filha, que soube da iniciativa por um dos estudantes que participa do grupo. Geiza conta que até o seu tratamento nunca havia tido um incentivo tão grande para abandonar o cigarro e que por isso ficou muito feliz. “Parar de fumar é difícil, mas não é impossível. Depende da gente", conta a idosa.
A estratégia que o projeto utilizou para ajudá-la consiste na diminuição da quantidade de vezes em que ela fuma por dia. Assim, a paciente passou a fumar de quatro a cinco cigarros diariamente.
Um dos incentivos para Geiza largar o tabagismo foi o nascimento dos seus netos. A criação da filha se deu com a presença constante do cigarro e agora ela quis fazer diferente. “Meus netos não podem ver uma coisa dessas”, relata.
Para a idosa, o diferencial do grupo é o diálogo que eles têm com os pacientes, sem “atacá-los” com os malefícios do tabaco. “Têm atenção e carinho com a gente”. Hoje em dia, ela incentiva outros fumantes a também participarem do projeto.
Alunos ajudam pacientes a ter uma vida melhor
Dentre os alunos que colaboram no projeto, o universitário Thalles Faria se motivou em participar do grupo pela atenção preventiva e humanizada dada aos pacientes. Para ele, é importante: “ter sensibilidade para perceber que o tabagismo é uma questão de saúde pública grave e negligenciada”.
Apesar da responsabilidade que a equipe possui com os atendidos e da realidade desafiadora, para Thalles é uma experiência que agrega sua vida pessoal e profissional. “Eu me sinto grato em fazer parte de um projeto que tem como objetivo melhorar a qualidade de vida dos pacientes", acrescenta o estudante.
“Vou conseguir e vou ser muito feliz”
Flávia Silva, 44, é uma das pacientes do grupo e conta que a sua história com o tabagismo começou quando ainda era criança, vendo seus pais fumarem. Ela começou por volta dos 15 anos. “É um vício que hoje estou pelejando para sair fora e não é fácil”, afirma a paciente.
A tabagista conheceu o projeto através de uma vizinha e hoje faz parte do primeiro grupo de 2024. Antes da oportunidade, Flávia nunca tentou parar de fumar sozinha. Porém, com o apoio da equipe e da família, sentiu que tinha uma chance. “Eles estão ali me apoiando. Está sendo essencial e muito produtivo para mim”, comenta Flávia.
A técnica utilizada para o tratamento da paciente foi semelhante à da Geiza, diminuir a quantidade de cigarros que fumava por dia. Mas havia uma diferença, a ansiedade foi uma das maiores dificuldades da paciente na quebra do vício. Por isso, também foi indicado no processo que ela realizasse atividade física, no intuito de ajudá-la nessa questão. “Quanto mais ansiosa, mais a gente fuma”, conta Flávia.
Com a ajuda do grupo, a fumante acredita que finalmente pode parar com o cigarro. “Vou conseguir e vou ser muito feliz por estar livre do tabagismo”, ela afirma. Flávia relata o anseio em poder estar junto de seus parentes e amigos, principalmente do seu neto, sem fazer mal a eles, que se tornam fumantes passivos.
Interessados em parar de fumar podem se inscrever no projeto através do e-mail: livredefumar@gmail.com ou pelo telefone: (34) 3218-2065.
A iniciativa também está presente no Instagram: @gesmicufu_.
FONTE: sensoincomumufu