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Visita Técnica: História da Loucura (Rio de Janeiro - RJ)

Texto por Karine Zago
por Roberta Cristina Silva Moreira
Publicado: 02/12/2024 - 09:21
Última modificação: 03/12/2024 - 09:44

A visita teve o intuito de sensibilizar os(as) estudantes da graduação e pós-graduação dos cursos FAMED no que concerne a importância dos cuidado em saúde mental e instrumentalizá-los(as) para a reflexão crítica do cuidado na atualidade, por meio do contato com aspectos históricos da loucura.  O Rio de Janeiro hospeda o primeiro hospício brasileiro, construído anexo ao Hospital D. Pedro II, na Praia Vermelha. Assim, não havia cidade melhor para começar essa imersão histórica.

A viagem aconteceu entre os dias 6 à 11/11 e contou com a participação de estudantes  vinculados à disciplina de Enfermagem e Saúde Mental e outros estudantes da FAMED ligados a núcleos, grupos ou coletivos com enfoque em saúde mental e também da pós graduação residência uni e multiprofissional e as três professoras do componente curricular Enfermagem e Saúde Mental. Assim, compuseram esse grupo estudantes de enfermagem, medicina e residentes da área de saúde mental da Residência Multiprofissional em saúde da UFU.

Assim, foi organizada pensando na imersão em pontos importantes desse processo no Rio de Janeiro:

 

Colônia Juliano Moreira

O local mistura uma arquitetura colonial renascentistas, maneiristas, barrocos, rococós e neoclássicos, para uma arquitetura pavilhonar e hospitalar, portanto, fundamentada nas teorias higienistas que vigoravam no período. Na década de 1930, com as reformulações da Colônia e a construção de novas unidades, o sítio da Colônia Juliano Moreira apresenta uma série de registros contemporâneos à época de funcionamento do engenho de açúcar, dos anos setecentistas, o que o torna um importante fragmento comprobatório da evolução urbana da cidade e da história deste ciclo econômico.

 

Museu da Imagem do Inconsciente

O Museu é um centro vivo de estudo e pesquisa sobre as imagens e tem caráter marcadamente interdisciplinar, o que permite troca constante entre experiência clínica, conhecimentos teóricos de psicologia e psiquiatria, antropologia cultural, história, arte e educação.

 

Memorial Nise da Silveira

O Memorial da Loucura do Engenho de Dentro, inaugurado em 2021.

 

Museu Bispo do Rosário

O museu é responsável pela preservação, conservação e difusão da obra de Arthur Bispo do Rosario – interno da colônia Juliano Moreira e um dos expoentes da arte contemporânea, de reconhecimento nacional e internacional.

 

Instituto Phillipe Pinel  -  UFRJ

O Instituto Philippe Pinel é um hospital psiquiátrico localizado no bairro de Botafogo na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Teve suas origens no Hospício Pedro II, e foi fundado em 13 de janeiro de 1937, com o nome de Instituto de Neurossífilis. Em 1965, foi rebatizado como o Hospital Pinel, em homenagem ao renomado estudioso de psiquiatria Philippe Pinel. Em 1994. Hoje o instituto incuba projetos de assistência, arte e cultura transformadora e afim com propostas da reforma psiquiátrica.

 

 

MUSEU BISPO DO ROSÁRIO E INSTITUTO JULIANO MOREIRA (07/11/2024)

O Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea está situado no Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira, centro de saúde mental conhecido como “Colônia”. Localizado na Taquara, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O museu é responsável pela preservação, conservação e difusão da obra de Arthur Bispo do Rosário – um dos expoentes da arte contemporânea, de reconhecimento nacional e internacional. Além disso, o museu desenvolve outras atividades como: Acervo, Exposições e o Polo Experimental com mostras e exposições, e oferece uma série de programas educativos voltados para todas as idades.

 

 

07/11/24 - Visita ao Museu Bispo do Rosário  e Colônia Juliano Moreira – RJ Palestra com pelo artista plástico Ramon sobre o museu.

 

 

CENTRO PSIQUIÁTRICO DOM PEDRO II  E MUSEU DO INCONSCIENTE (08/11/2024)

O Hospício de Pedro II, criado pelo decreto nº 82, de 18 de julho de 1841, foi o primeiro estabelecimento no Brasil a dedicar-se ao tratamento dos alienados. Até aquele momento, estes não gozavam de qualquer tipo de proteção ou assistência governamental, e perambulavam pelas ruas livremente ou eram tratados como feras enjauladas nas cadeias ou trancados em cubículos das Santas Casas da Misericórdia, hospitais de Ordens Terceiras ou em suas próprias residências.  Atualmente nesse local funciona o Museu da Imagem do  Inconsciente.

Criado como um centro de estudo e pesquisa, o Museu de Imagens do Inconsciente cuida e divulga um importante patrimônio da humanidade, mantendo sempre as portas abertas a pesquisadores e ao público em geral. Seus Ateliês Terapêuticos recebem diariamente frequentadores que criam novos documentos plásticos e compartilham suas experiências no convívio com estudantes, pesquisadores ou visitantes. A produção desses ateliês resulta em obras de arte que revelam as riquezas interiores do ser humano, contribuindo para a mudança dos paradigmas estigmatizantes sobre os portadores de transtornos psíquico.
 A Reserva Técnica do museu guarda, organiza e conserva esta produção, reunida num acervo com mais de 400 mil obras entre telas, papéis, modelagens, textos e poemas.
 Além das exposições internas e externas, o Museu realiza publicações e documentários, cursos, palestras e debates. Oferece um Grupo de Estudos sobre temas ligados ao acervo e aos ateliês, cujas reuniões são abertas a todos os interessados.
 O complexo de atividades geradas pela interatividade de todos os setores estimula o convívio entre frequentadores, técnicos, funcionários, visitantes, animais co-terapeutas - e as imagens. Como resultado desse convívio, o Museu continua a manter sua característica fundamental: um território de liberdade para a expressão de vivências internas e exaltação da criatividade.

08/11/2024 - Chegada ao Centro Psiquiátrico Dom Pedro II

 

 

08/11/2024 - Instituto Nise da Silveira

 

08/11/2024 - Visita ao Memorial Nise da Silveira

 

COLETIVO CARNAVALESCO E PONTO DE CULTURA TÁ PIRANDO, PIRADO, PIROU! FOLIA, ARTE E CIDADANIA FORMADO POR USUÁRIOS E TRABALHADORES DA REDE DE SAÚDE MENTAL DO RIO

Todo bom doido da cabeça sabe que, desde 2005, o Tá Pirando, Pirado, Pirou! abre alas pra loucura no carnaval do Rio de Janeiro. Formado por usuários e profissionais da rede pública de saúde mental do Rio de Janeiro, a proposta do coletivo é integrar artes carnavalescas e a saúde mental. O puxador do samba nessa folia toda é a Reforma Psiquiátrica. O Tá Pirando, Pirado, pirou! foi fundado em dezembro de 2004, sob as bênçãos do movimento cultural de revitalização do carnaval de rua do Rio. Naquele ano, um folião inquieto do Instituto Philippe Pinel afirmou: “Não vamos fazer carnaval só pra quem já pirou, vamos pra rua brincar com quem tá pirando... Tá pirando, pirado, pirou!”. Estava batizado o bloco e foram abertos os trabalhos. Logo, no carnaval de 2005, a ala de pirados muito ousados da cidade desfilou pela Avenida Pasteur, na Urca. De 2004 para cá, tem louco de tudo que é jeito da rede de saúde mental se juntando ao coletivo e pirando geral. Tem louco que é usuário da rede, tem louco que é parente, tem louco que é técnico, tem louco que é voluntário, todos só no sapatinho pra botar o bloco na rua. É como diz o velho ditado: “De carnavalesco e mestre-sala, todo mundo tem um pouco”. Cerca de 150 pessoas participam das atividades de preparação para o desfile, incluindo oficinas, escolha coletiva do enredo e concurso de sambas realizados no Rio Scenarium, tradicional casa de samba da Lapa. Essas atividades proporcionam um rico espaço de convivência, trocas de ideias e experimentações estéticas que geram um vuco vuco tremendo e importantíssimo no desenvolvimento das ações culturais de integração da Rede de Saúde Mental e do tecido social em torno dessa rede. Avenida Pasteur – endereço que abrigou o Hospício Pedro II, o primeiro da América Latina–é o ápice do projeto, o símbolo maior da inclusão. Sim companheiro, pode acreditar! Tempos houve em que piração era sinônimo apenas de sofrimento, toda loucura se encarcerava, essa gente não podia ser alegre. Pisar na avenida, então... jamais! As grades não permitiam sequer ver o bloco passar. Mas a Luta Antimanicomial e a implementação da Reforma Psiquiátrica no Brasil trouxeram uma nova harmonia pra essa história, não deixaram o samba morrer e o lugar que antes era referência de dor e marginalização, se tornou passarela de todo o charme, carisma e alegria que só o pessoal da saúde mental sabe distribuir. Dessa forma, o Tá Pirando, Pirado, Pirou! segue tomando a arte como instrumento potente para ressignificar a loucura na sociedade. Cada vez mais a gente se aproxima dos nossos objetivos de ampliar e fortalecer essas atividades que estimulam a inclusão de diversas pessoas da rede da saúde mental da capital carioca na cultura do carnaval de rua do Rio.

09/11 /2024 - Símbolo do Bloco carnavalesco - Tá Pirando, Pirado, Pirou !!!!

 

9/11/2024 - Projeto de geração de Renda Tá Pirando, Pirado, Pirou!

 

09/11/2024 - Foto com o Carnavalesco, artista plástico  e paciente da RAPS RJ “Samys” – Oficina do projeto Papel Pinel – reciclagem e geração de renda. O Papel Pinel é uma fábrica terapêutica situada no Ambulatório do Instituto Municipal Phillippe Pinel, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Como um grupo de usuários da Saúde Mental, o Papel Pinel produz papel artesanal que se transforma em cadernos, blocos e cartões, todos personalizados com ilustrações ou colagens dos artistas do Projeto, que com originalidade e bom gosto também criam camisetas, bolsas, mochilas, ecobags e Logomarcas originais.

09/11/2024 - Reunião com o grupo carnavalesco “Tá Pirando, Pirado, Pirou !!!!” – UFRJ

 

10/11/2024 Retorno para Uberlândia, às 20h.

 

 

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